Cálculo de GH/KH a partir do rótulo – mini planilha: Suponha que queremos ajustar a água do aquário para GH 6 °dH usando água mineral e talvez algum suplemento. Como exemplo, a partir da Tabela 1: Crystal tem GH ~1,2. Para subir a GH efetiva, poderíamos misturá-la com outra água mais dura ou adicionar sais de GH (como sulfato de cálcio e magnésio). Por outro lado, se quisermos reduzir GH, poderíamos misturar Minalba (GH5) com Bonafont (GH0). A matemática é simples: as durezas se diluem proporcionalmente. Por exemplo, meio a meio de Minalba e Bonafont resultaria em GH ~2,5 °dH. O importante é: o rótulo permite planejar essas misturas e ajustes sem surpresas. Se um aquarista precisa manter KH baixo (para um Amazônico com pH ~6,5), evitará águas como Minalba (KH5) em grande proporção, preferindo talvez 75% Bonafont + 25% Minalba, resultando em KH ~1,25. Assim, use o rótulo como ferramenta: planeje seu GH/KH alvo e ajuste volumes de diferentes fontes conforme seus cálculos. Lembre-se que Ca:Mg ideais para peixes e plantas costumam estar numa razão ~3:1; nas águas naturais essa razão varia (na Minalba é ~1,5:1, na Bonafont ~2,4:1, na Crystal ~22:1 porque o Mg é quase zero!). Se a água for deficiente em Mg ou Ca, você pode adicionar o elemento em falta via sais de reposição específicos.
Quando ler “resíduo seco” e “pH” no rótulo: O resíduo seco, como dito, dá uma medida geral de sais. Uma água com resíduo 18 mg/L (Bonafont) é ultraleve – boa para diluir outras águas ou uso em aquários de água mole, mas exigirá adição de repositores para não faltar minerais essenciais aos animais (cálcio para os ossos e exoesqueletos, magnésio para metabolismo). Já águas com resíduo 300+ mg/L (existem marcas com >500 mg/L) são inadequadas para a maioria dos aquários de água doce – serviria talvez para ciclídeos africanos, mas pelo custo não faz sentido (a torneira já teria parâmetros similares sem gasto). O pH indicado no rótulo é o pH na fonte; não confunda achando que aquela água vai fixar o pH do aquário. Por exemplo, rótulo da Minalba indica pH alcalino (≈7,4), mas se você colocá-la num aquário plantado com CO₂, o pH vai cair independentemente porque o KH dela é que importa. Em suma, não se preocupe demais com o pH do rótulo – ele é mais relevante para consumo humano (paladar). Concentre-se em GH/KH.
Mitos e curiosidades sobre águas engarrafadas: Um mito comum é achar que “água mineral não tem nutrientes para algas”. De fato, nitrato e fosfato quase inexistem na maioria (fosfato nem costuma ser listado, mas é geralmente <0,1 mg/L). Contudo, algumas águas contêm sílica (ácido silícico) – raramente informada no rótulo – que pode alimentar diatomáceas (algas marrons) em novos setups. Crystal com gás, por exemplo, lista “silício total: 8 mg/L”. Não é um valor alto, mas se usar muita água silicatada, pode notar proliferação de diatomáceas. Outra curiosidade: águas “alcalinas” vendidas para consumo humano (pH ~9) geralmente têm bicarbonato e carbonato elevados. Essas águas elevarão bastante o KH do aquário, podendo empurrar pH para cima. Novamente: olhe o HCO₃⁻ – se for, digamos, 300 mg/L, saiba que 1 dKH ≈ 21,8 mg/L HCO₃⁻, então essa água teria ~14 °dKH! Usar algo assim em aquário de água ácida é desastroso. Portanto, ignore o marketing “água alcalina ionizada” e foque na química real listada.
Destaques do Capítulo 3:
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Leitura de rótulos: Torne-se um “sommelier” de água para seu aquário – verifique Ca, Mg, HCO₃⁻ e Na principalmente. Esses determinam GH, KH e condutividade, influenciando diretamente peixes e plantas. Use conversões (fornecidas neste capítulo) para estimar °dH a partir de mg/L do rótulo e ver se encaixa no desejado.
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